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ago 25

Ensino Técnico a Distância.

O NOVO PARADIGMA A SER QUEBRADO.

Não é novidade para ninguém que o Brasil vive hoje um grande apagão na mão de obra qualificada para a indústria, comércio e serviço. Apesar da recente crise econômica e política, ainda é possível se observar inúmeros postos de trabalho que ficam ociosos por não haver gente qualificada para ocupá-los. Mas você deve estar se perguntando: e o Pronatec? Não serviu para reduzir esse desequilíbrio na balança vagas-candidatos do mercado de trabalho? Para termos uma noção do que representou o Pronatec, vamos comparar alguns números:

Quantidade de matrículas em cursos técnicos entre 2011 e 2014: 2,3 milhões;

Quantidade de matrículas em cursos de qualificação profissional: 5,8 milhões;

Total de matrículas proporcionadas pelo Pronatec de 2011 a 2014: 8 milhões.

Os números impressionam? Então vamos ajudar você a desmistificá-los. Primeiramente, apesar de não haver um estudo formal de avaliação do programa por parte do Governo Federal, sabe-se que a evasão média das turmas do Pronatec beirava os 30% (considerando desistências e reprovação).

Portanto, estamos falando de 5,6 milhões de concluintes das turmas do Pronatec, sendo 1,6 milhão o número de formandos dos cursos técnicos de nível médio. Desses, acredita-se que cerca da metade dos egressos conseguiram ser aproveitados nas vagas requisitadas pelo mercado de trabalho. A outra metade não conseguiu desenvolver as competências e habilidades necessárias ao exercício das profissões.

A razão para isto? Simples: qualidade do ensino. De repente, centenas de faculdades e universidades, que jamais haviam oferecido vagas em cursos técnicos de nível médio, viram-se diante da oportunidade de, rapidamente, contratarem professores e desenvolverem material didático para tal. A rapidez com que isto aconteceu comprometeu seriamente a capacidade de se oferecer um ensino técnico de qualidade.

Por fim, chegamos ao número de aproximadamente 800 mil novos profissionais de nível técnico injetados no mercado de trabalho. Ainda parece interessante, não é? Mas será que este número consegue suprir a demanda reprimida de técnicos no Brasil? Para que se possa ter uma ideia, vamos considerar a Alemanha, com seus quase 83 milhões de habitantes. Lá, 52% da população possui nível técnico de formação, ou seja, estamos falando de mais de 43 milhões de técnicos atuando no mercado de trabalho germânico.

No Reino Unido, o percentual de mão de obra técnica é ainda maior, passa dos 60% da população economicamente ativa.

No Brasil, a situação é dramática: antes do Pronatec, pouco mais de 6% da população brasileira portava um diploma de nível técnico, o que representava cerca de 12 milhões de profissionais. Os 800 mil novos técnicos formados pelo Pronatec praticamente não alteraram este percentual, que nos mantém com os mesmos 6% de técnicos atuando no mercado de trabalho brasileiro.

Face a este cenário, qual a demanda reprimida de técnicos no Brasil? A resposta é simples: precisamos injetar 95 milhões de novos técnicos no mercado de trabalho brasileiro se quisermos nos equiparar à Alemanha, atingindo os mesmos 52% da população. Eis aí o novo desafio da Educação Profissional.

Mas como atingir esses números considerados estratosféricos em um país com dimensões continentais? Agora sim – chegamos ao novo paradigma a ser quebrado: Ensino Técnico a Distância de qualidade. Sem isto será difícil ou impossível atingirmos esta meta.

Mas por que ensinar uma profissão técnica a distância é um paradigma? Desde 2001, quando houve as primeiras demandas de autorização de cursos de graduação a distância no Brasil, a EaD começou a trilhar um árduo e desafiador caminho: conquistar estudantes acostumados, até então, com a transmissão de conhecimento unilateral professor-aluno. A realidade das salas de aula foi paulatinamente deslocada para as salas virtuais dos ambientes eletrônicos de estudo na Internet. Os poucos estudantes que se aventuraram naqueles primeiros cursos perceberam que havia uma gama de novas possibilidades no “aprender a distância”, como a interatividade, flexibilidade e mobilidade, fatores que, apesar de uma sedutora proposta, levaram mais de uma década para superar todo o preconceito e resistência da sociedade e das organizações reguladoras do ensino.

Hoje em dia, mais de 50% das matrículas realizadas no ensino superior são em cursos a distância. Segundo o INEP (2017), este quantitativo cresceu a uma razão de 20% de 2015 para 2016, como mostra o gráfico a seguir.

 

Na passagem de 2018 para 2019, a chave virou e passamos a ter mais alunos estudando a distância no ensino superior do que na modalidade presencial.

Atualmente, a Educação Profissional está vivenciando um período muito semelhante àquele experimentado pelo Ensino Superior a Distância. Período em que os cursos técnicos em EaD terão de conquistar um novo público, descrente de que é possível aprender uma profissão e desenvolver competências e habilidades práticas, mesmo a distância.

O número de matrículas de alunos em cursos técnicos a distância ainda é pífio quando comparado com o número de matrículas em cursos presenciais. Onde está o erro? Por que as escolas técnicas e instituições de ensino superior não conseguem replicar o mesmo êxito que tiveram com o ensino superior no nível técnico? Para isto ainda não há respostas claras e precisas. Tudo o que podemos assegurar é que o jeito de se ensinar e aprender a distância é diferente nesses dois níveis de ensino.

Então como conseguir repetir o sucesso da EaD nesta nova modalidade educacional? A resposta está no passado recente da história da EaD: qualidade, qualidade e qualidade. Do mesmo jeito que os ambientes virtuais de aprendizagem e os conteúdos digitais passaram por progressos significativos nos últimos 15 anos, haveremos de descobrir maneiras de aplicar novas tecnologias como a realidade aumentada, entre outras, à aprendizagem profissional. Este é o paradigma a ser quebrado nos próximos cinco anos.

David Stephen
CEO da Telesapiens

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